25/09/2024

Implantes hormonais: será que são seguros?

A terapia de reposição hormonal tem ganhado cada vez mais espaço, especialmente com o uso de hormônios bioidênticos, que, apesar de não serem naturais, possuem estrutura molecular idêntica aos hormônios naturalmente produzidos pelo corpo. Eles oferecem benefícios importantes para a saúde e bem-estar.

Entre as diversas vias de reposição hormonal, os implantes hormonais têm se tornado uma opção procurada, mas será que eles são realmente a melhor escolha para todos?

Neste artigo, vou esclarecer o que são os implantes hormonais, quais suas vantagens e os riscos envolvidos, especialmente quando utilizados em pacientes inadequados. Vamos lá?

O que são os implantes hormonais?

Os implantes hormonais são pequenos cilindros inseridos sob a pele, geralmente na região glútea ou abdominal. Uma vez implantados, eles liberam gradualmente sua substância no corpo, por um período que pode variar de três meses até um ano, geralmente, dependendo da composição do implante.

Essa forma de terapia tem sido procurada por pessoas que buscam principalmente praticidade, sem a necessidade de aplicações diárias.

Vantagens dos implantes hormonais

  1. Liberação contínua
    Diferentemente de outras vias de administração, como a oral, os implantes costumam garantir uma liberação mais constante dos hormônios, o que pode evitar os picos e quedas abruptas nos níveis hormonais.
  2. Conveniência
    Após a colocação do implante, o paciente não precisa se preocupar com dosagens diárias ou com a aplicação de géis ou cremes. Isso oferece mais praticidade para quem tem uma rotina corrida ou que pode ter dificuldade em seguir regimes diários e esquecer da aplicação.

Mas nem tudo são vantagens: os riscos envolvidos

Apesar das vantagens, os implantes hormonais não são adequados para todos os pacientes e, em diversos casos, podem trazer complicações. Veja abaixo os principais problemas dos implantes:

  1. Dificuldade para ajustar a dose
    Diferente da via transdérmica e até oral, onde a dose pode ser ajustada facilmente conforme a resposta do paciente, o ajuste de dose com implantes é mais complicado. Uma vez colocado, o implante permanece liberando substâncias até ser retirado ou completamente absorvido, o que pode ser problemático caso a dose seja excessiva ou inadequada para aquele paciente.
  2. Efeitos colaterais em pacientes inadequados
    Em pacientes que não foram devidamente avaliados, os implantes hormonais podem causar efeitos colaterais como retenção de líquidos, ganho de peso, acne, queda de cabelo, alterações emocionais e até efeitos graves como sangramentos, por exemplo. 
  3. Dificuldade de remoção
    Outro ponto importante é que a remoção do implante não é um processo nada simples. Caso o paciente apresente efeitos colaterais ou tenha que interromper a terapia, a retirada do implante requer um procedimento cirúrgico, o que não é nada prático e pode causar desconforto ou cicatrizes.

Além disso, preciso ressaltar algo de extrema importância: na maioria dos casos, os implantes utilizados hoje em dia não são realmente implantes HORMONAIS, pois não contêm hormônios. São, em verdade, medicamentos erroneamente chamados de hormônios, porque tentam imitar a ação hormonal quando entram no organismo.

Um exemplo muito comum é a própria gestrinona, um remédio que atua inibindo a cascata hormonal natural da mulher e que foi desenvolvido para “tratar” a endometriose. Outro exemplo é o implanon, muito buscado pelas mulheres como método contraceptivo. Ele também não é hormônio, é remédio.

O que há dentro desses fármacos não existe no organismo humano. A estrutura química da molécula não tem similaridade com os hormônios naturalmente produzidos pelo corpo, mas quando entram no organismo, eles “confundem” nossos receptores hormonais, os ocupam e alteram a produção hormonal natural.

Ao contrário do que se imagina, pessoas que utilizam esse tipo de implante não estão fazendo reposição hormonal. É o oposto, o uso inadequado desses medicamentos pode desencadear desequilíbrios hormonais importantes que podem impactar a qualidade de vida e a saúde.

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Tenha muito cuidado!

Os implantes hormonais podem ser uma opção para alguns pacientes, em casos em que realmente há indicação para seu uso. No entanto, essa escolha deve ser feita com muito critério e baseada em uma avaliação minuciosa das necessidades individuais de cada paciente e, na minha opinião, quando não houver outra alternativa mais natural e segura. Para mim, eles devem ser a exceção e não a regra!

Além disso, é essencial que os pacientes entendam os riscos envolvidos, como a dificuldade de ajustar a dose e de remover o implante, caso necessário. Quando usados de maneira inadequada, os implantes hormonais podem trazer mais malefícios do que benefícios.

Como médica que trabalha predominantemente com hormônios bioidênticos pela via transdérmica por ser mais fisiológica, acredito que a personalização do tratamento e o acompanhamento regular são fundamentais para um tratamento seguro e eficaz.

Se você está considerando o uso de implantes hormonais, converse com um médico de confiança, que tenha amplos conhecimentos em fisiologia hormonal e conheça muito bem o seu perfil hormonal, e certifique-se de que essa é realmente a melhor opção para o seu caso.

Espero que este artigo tenha esclarecido o assunto!

Abraços,

Clarisse Rachid | CRM SP 199403 | MÉDICA

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